11/01/2014

Parou de passar

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O tempo parou de passar. Cheguei a essa conclusão ontem mesmo quando tentei fazer com que ele me ultrapassasse naquela estrada rumo a um lugar de paz, vulgo "lugar onde você não exista". Estava esperando que as horas fossem como carros a 180km/h na pista da esquerda, enquanto eu estava nos meus tranquilos 80 de velocidade. Eu até me lembrei de algumas aulas de física do começo do segundo grau. Tentei calcular coisas inúteis. Tudo enquanto esperava o tempo passar.

Cheguei a meu destino, que não era o destino que sempre imaginei que existisse para mim. Sina essa de esperar não existia em minha vida quando eu tinha lá os meus 15 anos. Mas enfim, cheguei. Não onde eu queria chegar, mas onde eu planejava chegar. E nada de ver nenhum carro de hora passando pela estrada. Nenhuma moto de minuto. Ou nem um ciclista de segundo. O tempo parou em algum lugar enquanto naquele lugar eu passava meu ausente e inexistente tempo.

Ele parou naquele dia. O tempo ainda era tempo, as horas ainda não eram carros. Ele parou na sua casa enquanto juntos estávamos na mesa de jantar de frente um para o outro. Ele parou quando aquela última gota escorreu dos meus olhos em seu território. Ele voltou várias vezes na parte em que você disse que era mais fácil seguir sem mim. Acelerou durante todos os momentos de brigas, discussões, durante os tempos em que não ouvimos o que falamos. Ele parou logo depois. E não passou. E se passasse, talvez eu pediria uma carona e deixaria que o tempo me deixasse onde meu tempo me deixou.

Mas ele não vai nem mesmo aqui chegar. Cheguei a essa conclusão ontem mesmo. O tempo parou de passar.