17/11/2014

Meu infinito verão particular

Enquanto lê, escute:



Água fria no corpo como se isso também refrescasse o sangue que me percorria, quente porque em cada gota havia um tanto de você febril. E, nessa tentativa de me resfriar por dentro, eu queria que a consequência fosse um eu mais frio também, de preferência congelante para que nenhum resquício de sentimento sobrevivesse a temperaturas tão baixas. Eu quis te esquecer porque sabia que, se continuasse a pensar em você, voltaria a morrer um pouco mais do que já morro por dia. Eu faria de você meu verão particular e sofreria no inverno da ausência sua. Flutuaria no deleite das palavras doces e me afogaria em cada até logo sem previsão de volta.

Você não me conhece tão bem quanto pensa, se conhecesse saberia que sou um quebra-cabeças de futuro. Eu vivo de acordar pela manhã e querer que o que eu sonhei aconteça logo. E querer que os sonhos mais românticos acontecessem passaria a incluir você. Eu precisava não pensar mais nas suas mãos em minha cintura e nas vezes em que senti seu coração batendo só de encostar meu peito no seu, porque isso tudo se repetiria como filme a cada vez que eu dormisse e não adiantaria acordar buscando reviver esses instantes. Você não estaria ali mais. Ao menos eu não teria essa certeza.

E, apesar de saber o melhor para mim, ainda assim a vontade de gritar seu nome tomava conta de mim. Fazê-lo ao menos me confortaria, pois o eco da minha voz me faria companhia a te chamar e, dessa forma, eu poderia ficar horas e horas ouvindo seu nome e sobrenome, nem que para isso eu tivesse que falar com todas as paredes da casa.

Eu queria você por perto. Próximo o suficiente para que seus lábios se movimentassem com os movimentos dos meus. Queria apneias causadas pelos seus beijos longos, taquicardias motivadas pelos arrepios que você me causa, queria que meus músculos requeressem mais litros de sangue. Queria o gosto que tudo o que você faz tem, seu timbre de trilha sonora, esse sorriso bobo e branco entre momentos vermelho-cereja e sua alma amarela e inocente guardada nesse olhar de homem.


Queria que você conversasse baixinho comigo até que eu dormisse, depois daquela noite tão longa, tão linda, tão memorável, mas finita. Eu queria que você ficasse comigo mais alguns segundos antes que eu tivesse que te esquecer. Que o sol não nascesse tão rápido, porque seria outro dia e só estaria novamente, com o gosto das lembranças e delas não podendo me lembrar. Eu só queria dormir pelo resto da vida, sonhar um filme nosso e nunca mais acordar para te ter comigo sempre. E poder ser sua sem culpa. Dessa vez, sem a dor do medo de acabar.